As propriedades mecânicas de células vivas são de grande importância para um bom funcionamento fisiológico dos sistemas biológicos em geral, porém, o conhecimento acerca das mesmas ainda é considerado limitado. Como a estrutura das células determina, muitas vezes, as suas funções, estas também podem estar associadas à mecânica celular. Assim, qualquer tipo de anormalidade em processos fisiológicos, ocasionada por uma patologia, pode vir a estar relacionada com alguma alteração nas propriedades mecânicas da célula.
Através da utilização de várias técnicas, em especial da Microscopia de Força Atômica, torna-se possível obter mais informações a respeito dessas propriedades e investigar os distúrbios causados por processos patológicos na micromecânica celular. Comparadas a outras células, as hemácias ou eritrócitos apresentam uma simplicidade estrutural que torna menos complexo o estudo de suas propriedades mecânicas. Além disso, a micromecânica desta célula está altamente associada a doenças como as anemias hemolíticas.
Nessa linha de pesquisa, uma parceria com o HEMOMAR (Centro de Hematologia e Hemoterapia do estado do Maranhão) propõe-se o uso da Microscopia de Força Atômica para a investigação das propriedades mecânicas de eritrócitos de pacientes portadores das anemias falciforme, esferocitose hereditária e da eliptocitose hereditária. Visa-se propor um parâmetro físico que, ao mesmo tempo, possa ser utilizado para a investigação laboratorial de anormalidades estruturais de eritrócitos em portadores dessas anemias hemolíticas e que possa ser utilizado para a avaliação da evolução dos estados anêmicos.
Figura 1: Imagem tridimensional de Microscopia de Força Atômica (Atomic Force Microscopy – AFM) em modo contato de: (a) um eritrócito sadio e (b) de uma célula com alteração morfológica devido à anemia falciforme (Rebelo (2010)).
Figura 2: Imagens de AFM obtidas em ar de RBCs (a) normal (Costa (2011)) (b) esferócito (Dulinska (2006)).